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Nova NBR 6120:2019 - Ações para o cálculo de estruturas de edificações - Principais mudanças

Recentemente (30/10/2019) foi publicada a nova norma de Ações para o cálculo de estruturas de edificações, a ABNT NBR 6120:2019. A atualização era há tempos esperada pelos profissionais que atuam na área de estruturas, que sentiam a falta de uma normativa atual e que atendesse às reais necessidades e usos do mercado.


Para se ter uma ideia, até o lançamento desta norma, vigorava ainda a versão publicada em 1980, então chamada de "Cargas para o cálculo de estruturas de edificações", a qual era um informativo de usos consagrados da época, resumidos em apenas 5 páginas.


A nova normativa visou atender às mudanças ocorridas na sociedade, usos, costumes e avanços nos sistemas estruturais, tendo como um dos principais destaques a atualização e validação de valores, bem como a junção em um único documento de informações presentes apenas em normas específicas.


Diversos dados inseridos na nova norma estavam espalhados em outras normas, como é o caso de ações de parapeitos e coberturas metálicas, presentes em norma de estruturas metálicas. A inserção possibilita que tais valores sejam utilizados para outras finalidades.


A nova 6120 também aborda as seguintes situações:


Construções em andamento;Garagens;Empilhadeiras e Minicarregadeiras;Helipontos;Fábricas e Armazéns;Pisos e pavimentos de galpões, depósitos e centros de distribuição;Pontes Rolantes;Coberturas, inclusive empoçamento progressivo;Tubos de aço cheios d'água (usuais em datacenter)



Abordaremos aqui, de forma resumida, alguns destes itens:


CARGAS VARIÁVEIS

As tabelas de cargas variáveis foram redefinidas, sendo separadas por usos: hotéis, escolas, residências, indústrias, entre outros. Ainda, há uma discriminação mais minuciosa de cada ambiente para cada local, com indicações específicas e cargas diferenciadas, de acordo com suas particularidades.

Para conjuntos de pisos adjacentes com o mesmo tipo de uso, é permitido utilizar, para a determinação de esforços solicitantes em pilares e fundações, um coeficiente de redução da carga variável. A redução não é permitida para alguns casos, como garagens e reservatórios, por exemplo.


GARAGENS E ÁREAS DE CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS

A abordagem sobre garagens está mais completa. Foram incluídas definições mais específicas, como o PBT, ou Peso Bruto Total, sendo descrito como "peso máximo total de um veículo carregado, incluindo o combustível, fluidos, acessórios, itens sobressalentes e carga útil máxima".

Os veículos agora são classificados em cinco categorias distintas, onde são indicados o peso bruto total, cargas concentradas a serem consideradas e forças horizontais, com alturas diferentes para aplicação. Para cada categoria são indicados eixos a serem considerados para aplicação de cargas concentradas, podendo serem simples, duplos ou triplos.

A classificação quanto ao tipo de veículo a ser considerado no projeto deve se dar pela altura livre disponível do acesso. Porém, havendo meios para controle dos tipos de veículos que acessam a edificação, é possível projetar a estrutura para categorias diferentes. Deve estar explícita no projeto a categoria para a qual a estrutura foi projetada. Cada região da garagem deve ainda ser sinalizada quanto à velocidade máxima permitida, PBT e altura máxima do

veículo.


EMPILHADEIRAS E MINICARREGADEIRAS

Foi criado item específico para tratar de empilhadeiras e minicarregadeiras, onde são descritas diferentes classes de equipamentos, a depender da tara, das dimensões e das cargas de elevação. Além das cargas de elevação e estática por eixo, a norma indica um coeficiente de impacto vertical, considerando efeitos de inércia provocados pela aceleração e desaceleração da carga de elevação, bem como forças horizontais devidas à aceleração ou desaceleração do equipamento (30 % da carga estática por eixo, sem o coeficiente de impacto vertical).


HELIPONTOS

Da mesma forma, foi incluída seção especial para helipontos, onde são apresentadas combinações de cargas distribuídas e concentradas a serem consideradas no dimensionamento, bem como áreas de taxiamento e estacionamento de helicópteros. São definidos cinco categorias de helicópteros, com diferentes pesos e distâncias entre rodas ou esquis.

A norma ainda define requisitos para redes e grades de proteção, bem como forças concentradas horizontais no heliponto e suportes, equivalentes à metade do peso bruto total de um helicóptero.


EMPUXOS E PRESSÕES HIDROSTÁTICAS

É indicado o nível d'água que deve ser adotado para o cálculo de reservatórios, tanques, decantadores, piscinas e outros, devendo ser igual ao nível máximo, de acordo com o sistema de extravasão. Deve-se avaliar a consideração da carga como permanente ou variável, levando em consideração o tempo de atuação e a vida da edificação. Atenção especial deve ser dada para casos de entupimento do sistema de drenagem, bem como da inexistência de extravasores, sendo possível considerar a ação extra devido ao aumento desta lâmina d'água como especial.

São abordadas ainda premissas para projeto de estruturas enterradas, e a necessidade de consideração das pressões atuantes na estrutura devido ao empuxo do solo, empuxo hidrostático e eventuais sobrecargas sobre o terreno adjacente. Ressalta-se a recomendação de que seja avaliada a atuação de empuxos e pressões hidrostáticas com valores favoráveis (menores), pois podem resultar em esforços mais críticos. A norma aborda a atuação da subpressão, forma como deve ser considerada e área onde a mesma atua, bem como a necessidade de outras forças ascendentes serem consideradas quando necessário.


MATERIAIS DE ARMAZENAGEM

O peso específico de materiais de armazenagem foi tratado em anexo específico, onde é citado, para uma lista mais abrangente de materiais, peso específico aparente e ângulo de atrito interno. Também é descrita recomendação para consulta em normas internacionais em alguns casos, como o de materiais a granel para silos, funis e equipamentos similares

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COBERTURAS

São indicados valores de telhas de diversos tipos, considerando a superposição, variação da inclinação e acessórios necessários, bem como as ações para telhados completos, com madeiramento ou estrutura metálica. A referência presente na norma é a mínima, a ser utilizada na falta de dados mais precisos.

É indicado cuidado especial para coberturas em locais suscetíveis ao acúmulo de pó, como indústrias siderúrgicas e fábricas de cimento, devendo-se considerar cargas variáveis adicionais para este caso. Para regiões com possibilidade de ocorrência de neve ou granizo, o carregamento destas deve ser determinado caso a caso, admitindo-se como especiais.

Foi criado um anexo específico para tratar do empoçamento progressivo, definido como o "fenômeno da retenção de água em coberturas e telhados devido ao deslocamento da sua estrutura". Deve ser verificada a rigidez da estrutura, bem como a inclinação mínima antes e após a presença de carga de chuvas. Coberturas com inclinações mínimas de 5% não precisam ser verificadas para este fenômeno.


AÇÕES DE CONSTRUÇÃO

Caso haja risco de ocorrência de estados-limites durante o período de construção, estas ações devem ser consideradas. A NBR6120:2019 apresenta alguns exemplos, como áreas de estoque ou manuseio de materiais e paletes, áreas sujeitas ao tráfego de veículos, reações de apoio e fixações de elevadores, gruas, andaimes, bandejas de proteção e demais equipamentos e dispositivos de segurança, desprotensão de tirantes em contenções, entre outros.



Foram descritas neste artigo, de forma sucinta, as principais alterações trazidas com a atualização da norma. Este texto é um resumo e não deve substituir a leitura mais aprofundada da NBR.

Será feita uma abordagem mais detalhada de alguns itens, como garagens e estacionamentos, em um próximo artigo.

O que você gostaria que fosse abordado com mais detalhes? Comenta aqui!




REFERÊNCIAS


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120:2019. Ações para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019.


VENDRAMINI, J. A. Norma de Cargas ABNT NBR 6120 – A Evolução da Revisão da Norma - 30/08/2018. Instituto de Engenharia. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=hNRr90-FsU0&t=3068s>. Acesso em: 30 out. 2019


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